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Claro não é assim, nunca foi assim — uma representação é uma representação é uma representação (mesmo quando é a uma representação de uma rosa segundo Gertrud Stein). No filme A Corte do Norte, segundo o romance de Agustina Bessa-Luís, João Botelho filma os ecos do século XIX português como uma paisagem dúplice: uma câmara de eco, austera e romântica, da nossa muito íntima procura de identidade e também a ironia, porventura o sarcasmo, das suas ilusões e desilusões. Repartindo-se por 5-personagens-5, Ana Moreira é o símbolo exemplar do labor do filme: uma actriz que é uma personagem porque é uma actriz... Jogo de espelhos, expe-riência de delicada revelação formal, anti-televisão.