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Botelho faz um filme de metódico e delicado amor pela filigrana das palavras, em tudo o que elas têm de invocação de um mundo alternativo ("ouçam a minha voz") que só no cinema, e pelo cinema, pode encontrar carne e desmesura, coisas concretas e vertigens abstractas. É um filme que apetece revisitar, como uma casa que nos acolhe nos seus recantos e segredos.
E é também um filme que não poderá deixar de ser lido como um objecto de resistência na actual conjuntura cinematográfica portuguesa. Resistência a quê? Ao triunfo institucional da telenovela disfarçada de cinema "histórico" e/ou "escandaloso". Mesmo nas suas vulnerabilidades — ou através delas —, A Corte do Norte convoca-nos para a existência material das imagens e dos sons, para o seu prazer sem nome, para a sua condição de celebração única e insubstituível. Digamos, para já, que isso é um bem precioso.
E é também um filme que não poderá deixar de ser lido como um objecto de resistência na actual conjuntura cinematográfica portuguesa. Resistência a quê? Ao triunfo institucional da telenovela disfarçada de cinema "histórico" e/ou "escandaloso". Mesmo nas suas vulnerabilidades — ou através delas —, A Corte do Norte convoca-nos para a existência material das imagens e dos sons, para o seu prazer sem nome, para a sua condição de celebração única e insubstituível. Digamos, para já, que isso é um bem precioso.
>>> A CORTE DO NORTE, de João Botelho; com Ana Moreira, Ricardo Aibéo, Rogério Samora, Laura Soveral, João Ricardo — estreia: 19 de Março.