N. G.: Sem o frio intenso de anos anteriores, Berlim vive a 59ª edição da
Berlinale. Os jornais da cidade e muitos dos diários nacionais alemães dão frequentemente primeira página ao que acontece para os lados de Potsdamer Platz, o coração de um festival que na verdade se espalha por toda a cidade. A competição não parece ser das mais nutridas dos últimos anos, mas já houve momentos capazes de gerar prós e contras, do zero ao cinco. Até ao momento, o filme que mais dividiu opiniões deverá ter sido
Ricky, o novo de François Ozon, que ainda há dois anos viu
Angel ter estreia em plena Berlinale: é um dois em um, algo distante da medula da obra do realizador francês e a divisão de opiniões é mesmo um facto — não há meio termo (e ainda não o vi).
Mammoth, de Lukas Moodison, é outro dos mais esperados (notícias brevemente).
A música, como vem sendo habitual, tem o seu lugar de destaque na programação da secção Panorama, talvez a mais interessante do festival. Passa aqui um dos documentários recentemente estreados em Sundance:
When You're Strange, de Tom de Cillo, sobre os The Doors. Há ainda um novo filme sobre James Brown, em concerto em 1974, e um
biopic de Notorious BIG.
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Entre a programação, destaca-se um ciclo dedicado aos filmes em 70mm, a decorrer no belíssimo Kino International, talvez a mais bela sala de cinema da cidade, em plena Avenida Karl Marx, na velha Berlim Leste. Entre os títulos a rever estão
West Side Story, de Robert Wise e Jerome Robbins, e
2001: Odisseia no Espaço [foto], de Stanley Kubrick. Portugal está presente com mais evidência que em anos anteriores. Além da homenagem a Manoel de Oliveira e da passagem do seu novo
Singularidades de Uma Rapariga Loura, as revistas com edição diária que acompanham o festival revelam que há projecções de mercado para algumas das mais recentes produções nacionais.