A televisão tornou-se, em muitos aspectos, uma parada de monstruosidades que, por assim dizer, produzem a sua própria caricatura. Quando um repórter alarmista está no lugar de uma consumadíssima catástrofe e um cidadão incauto lhe responde que não sabe o que está a acontecer porque "ia a passar"... aí a televisão mostra a sua própria irrisão. É por isso que o humor televisivo é necessariamente difícil. Porquê? Porque se trata de devolver à televisão, como num espelho, a sua falsa naturalidade — que é como diz: a sua condição de linguagem e sistema de linguagens.
Os Contemporâneos tem sido um dos programas que melhor e mais longe tem levado esse desafio de mostrar a televisão por dentro, isto é, não tanto no "pitoresco" dos bastidores, mas na especificidade das linguagens. Veja-se ou reveja-se este magnífico momento com Bruno Nogueira. Dois clichés, pelo menos, são aqui reduzidos a pó: primeiro, a noção mecanicista segundo a qual tudo precisa de "ritmo"; depois, o princípio implícito, sempre manipulador, segundo o qual estar em frente de uma câmara é necessariamente possuir uma "verdade" que os outros só podem confirmar e reconhecer. O nosso mundo está habitado por muitos logros como estes.
Os Contemporâneos tem sido um dos programas que melhor e mais longe tem levado esse desafio de mostrar a televisão por dentro, isto é, não tanto no "pitoresco" dos bastidores, mas na especificidade das linguagens. Veja-se ou reveja-se este magnífico momento com Bruno Nogueira. Dois clichés, pelo menos, são aqui reduzidos a pó: primeiro, a noção mecanicista segundo a qual tudo precisa de "ritmo"; depois, o princípio implícito, sempre manipulador, segundo o qual estar em frente de uma câmara é necessariamente possuir uma "verdade" que os outros só podem confirmar e reconhecer. O nosso mundo está habitado por muitos logros como estes.