quarta-feira, janeiro 14, 2009

Claude Berri (1934 - 2009)

Com a morte de Claude Berri — falecido no dia 12, em Paris, aos 74 anos de idade —, desaparece uma personalidade vital da história do cinema francês (produtor/realizador/actor), desde os tempos da Nova Vaga até aos primeiros anos do século XXI.
Nunca foi, no entanto, uma figura "filiada" na Nova Vaga, mesmo se é verdade que o seu nome está ligado à produção de títulos iniciais de Phillipe Garrel (Marie pour Mémoire, 1967) e Maurice Pialat (L'Enfance Nue, 1968). A pluralidade das suas escolhas valeu-lhe até algumas suspeitas preconceituosas, uma vez que, na qualidade de produtor, Berri nunca abdicou de lidar com os modelos da grande indústria. A sua derradeira produção, a comédia Bem-vindo ao Norte, transformar-se-ia no maior sucesso de sempre do cinema francês.
Enquanto produtor, Berri terá tido um decisivo momento de viragem quando arriscou montar o projecto de Tess (1979), de Roman Polanski, adaptação do clássico Tess of the d'Urbervilles, de Thomas Hardy, com Nastassja Kinski no papel principal. Entre as mais de cinquenta longas-metragens que produziu, incluem-se Trois Places pour le 26 (1988), de Jacques Demy, O Amante (1992), de Jean-Jacques Annaud, A Rainha Margot (1994), de Patrice Chéreau, duas aventuras de Astérix, Astérix e Obélix contra César (1999) e Astérix e Obélix: Missão Cleópatra (2002), e ainda O Segredo de um Cuscus (2007), de Abdellatif Kechiche — este último valeu-lhe o César de melhor filme do ano.
Frequente actor, sobretudo em filmes dirigidos por outros — vimo-lo, por exemplo, em Sabe-se Lá, de Jacques Rivette (2001) —, Berri deixa também uma importante filmografia como realizador, desde o clássico O Velho e a Criança (1967), com Michel Simon, até à brilhante adaptação de Émile Zola, em Germinal (1993), com Gérard Depardieu. O último filme que dirigiu, lançado em 2007, era um delicado melodrama intimista, tinha Audrey Tautou como prota-gonista e chamava-se Enfim Juntos.