terça-feira, dezembro 02, 2008

Obama: poder e sabedoria

Infelizmente, o sistema mediático em que vivemos — sobretudo o espaço televisivo — privilegia os sinais de celebração, quase sempre secundarizando os momentos de reflexão e os labirintos do(s) pensamento(s). Assim, depois dos combates políticos entre Barack Obama e John McCain, temos assistido pouco, ou de forma demasiado sucinta, ao processo de constituição da administração de Obama — o que é tanto mais injustificado quanto, na prática, o Presidente eleito dos EUA tem ocupado a linha da frente das intervenções políticas, minimizando ainda mais o peso de George W. Bush.
O anúncio da equipa que vai gerir a segurança nacional foi uma cerimónia de importante ressonância simbólica. Desde logo, porque a escolha de Hillary Clinton para o cargo de Secretária de Estado reconverteu a confrontação no interior do campo democrático em nova realidade na administração do país; depois, porque Obama fez questão em resistir ao automatismo das tradicionais divisões face aos republicanos, afirmando que "não existe monopólio de poder ou sabedoria em nenhum dos partidos".
Numa condensação de feliz ironia, The New York Times apresenta na sua edição de hoje uma imagem do cumprimento Obama/Clinton com o título 'Sem necessidade de debate', sublinhando ainda o facto de estas nomeações corresponderem ao início de "uma nova fase para Obama" — eis um registo da conferência de imprensa de Obama e da sua equipa, ontem em Chicago.