

2) - o facto de ter integrado, como secretário de Estado (2001-2005), a administração Bush, desempenhando um papel central na sua estratégia de combate ao terrorismo;
3) - ser afro-americano.
O mais espantoso na intervenção de Powell é que o seu discurso não passou pelo reforço, nem pela negação, de nenhum destes factores. Bem pelo contrário, e de acordo com uma lógica inerente à própria dinâmica ética e política de Obama, Powell veio falar de uma América que, para continuar a ser América, pode e deve repensar os seus parâmetros tradicionais. Neste aspecto, a sua reflexão sobre as "acusações" que pretendiam que Obama fosse um "muçulmano" constituem um notável exemplo de lucidez argumentativa:
>>> [...] Também me perturba, não o que diz o senador McCain, mas o que é dito por membros do partido. Permitem-se mesmo dizer coisas como, "Bem, como sabem o Sr. Obama é um muçulmano." Pois bem, a resposta correcta é que ele não é muçulmano, é cristão. Sempre foi um cristão. Mas a resposta realmente correcta é: e se fosse? Há alguma coisa errada com o ser muçulmano neste país? A resposta é: não, a América não é isso. [...]"<<<
Trata-se, afinal, de repor a possibilidade de uma América de integração, isto é, capaz de, antes de tudo o mais, lidar com as suas feridas internas. Para a história, foi assim.