Em mais de 30 anos a escrever regularmente sobre filmes, confesso que nunca me habituei a um preconceito de muitos especta-dores/leitores: o de que se escreve (crítica de cinema) à espera de que os outros concordem connosco. Como? Se há valor que decorre da convicção pessoal é esse, muito simples e muito desarmado: os outros são também pessoas de convicções e é raro haver coincidências ou sobreposições de ideias.
Dito isto, há momentos em que chega a ser exasperante observar como algumas pessoas decidem... não pensar! Está a acontecer, agora, com o filme W., de Oliver Stone [cartaz francês]. Assim, por aquilo que vou ouvindo e lendo, percebo que circula uma pergunta: "O filme é a favor ou contra Bush?"
Deixem-se disso, por favor! Eu considero o filme uma extraordinária peça de cinema [a ele voltaremos], mas sou o primeiro a reconhecer que pode haver interessantíssimas leituras que não partilhem o meu entusiasmo. O problema não é esse. O problema é que partir dessa pergunta maniqueísta, típica daqueles debates muito gritados e "pedagógicos" que as televisões gostam de nos oferecer, é passar ao lado da disponibilidade humana e da complexidade argumentativa do próprio filme.
De facto, ver W. não é o mesmo que votar nas eleições americanas. Respeitemos a inteligência de Oliver Stone — mesmo que, em última instância, seja para pensarmos inteligentemente contra ele.
Dito isto, há momentos em que chega a ser exasperante observar como algumas pessoas decidem... não pensar! Está a acontecer, agora, com o filme W., de Oliver Stone [cartaz francês]. Assim, por aquilo que vou ouvindo e lendo, percebo que circula uma pergunta: "O filme é a favor ou contra Bush?"
Deixem-se disso, por favor! Eu considero o filme uma extraordinária peça de cinema [a ele voltaremos], mas sou o primeiro a reconhecer que pode haver interessantíssimas leituras que não partilhem o meu entusiasmo. O problema não é esse. O problema é que partir dessa pergunta maniqueísta, típica daqueles debates muito gritados e "pedagógicos" que as televisões gostam de nos oferecer, é passar ao lado da disponibilidade humana e da complexidade argumentativa do próprio filme.
De facto, ver W. não é o mesmo que votar nas eleições americanas. Respeitemos a inteligência de Oliver Stone — mesmo que, em última instância, seja para pensarmos inteligentemente contra ele.