A recente subida da intenção de voto em John McCain (na verdade ainda em clima pós-convenção, tal e qual aconteceu há 15 dias com Barack Obama), deu naturais preocupações à campanha democrata. E, sendo conhecida a pose elegante e civilizada de Obama, muitos recearam que não conseguisse responder, com a “violência” necessária, à escalada de ataques que McCain e Palin lançaram nos últimos dias. Um novo anúncio televisivo, com imagens nada favoráveis de McCain nos anos 80, não lhe faltando referências aos discos de vinil e ao cubo mágico, apresenta-o como alguém hoje desfasado dos tempos. Alerta para o facto de McCain ter dito que não sabe usar um computador, nem enviar um email. E termina com a inevitável comparação a Bush, para que se evite “mais do mesmo”...
O spot pode ser eficaz. Responde no tom certo, na melhor tradição “amor com amor se paga”. E tem como fundamentação a consciência da importância da Internet na reinvenção de políticas empresariais. Mas mantém a campanha, ao contrário do que ouvimos no brilhante discurso de aceitação da candidatura, ao nível do chavão e do ataque pessoal. Na verdade, desde essa histórica intervenção de Obama, a campanha de ambos os lados (e muita da cobertura jornalística) tem falado mais de batôn, de porcos, hockey, e de características pessoais que de ideias concretas para um futuro que se quer construir a partir de Janeiro de 2009. O “furacão” Palin, se por um lado acendeu entusiasmo conservador, eventualmente recordando o “sonho” da velha América bucólica, trabalhadora e ordeira que valeu a Reagan o ascendente sobre Carter em 1980, nada de consistente trouxe ao discurso desta campanha. De resto, na sua primeira entrevista para um network nacional (a ABC), revelou inclusivamente quão mal preparada está em matérias de política internacional, ignorando até o significado da “doutrina Bush”, uma característica sobejamente conhecida da actual administração... Pode o mundo ter uma figura assim na primeira linha de sucessão ao Presidente, caso este se veja impossibilitado de gerir o país (e o seu exército)?
PS. Aos estrategas de Obama um conselho (que não vão ler, eu sei): o disco de vinil já não é necessariamente uma imagem do passado, como o spot televisivo sugere. De resto, é formato reactivado, como nunca, desde 2007!
... e reduz distância para dois pontos
A mais recente sondagem diária da Gallup mantém a tendência de redução da distância entre os candidatos, situando-se agora nos dois pontos. Ou seja, novamente um empate técnico.
Barack Obama: 45%
John McCain: 47%