domingo, setembro 14, 2008

Gulbenkian edita Pedro Amaral

Numa edição com chancela da Fundação Calouste Gulbenkian, o álbum Works for Ensemble reúne quatro obras de um nome essencial da música portuguesa contemporânea: Pedro Amaral; as interpretações são da London Sinfonietta, sob a direcção do autor — este texto foi publicado na revista Op (#26, Verão 2008).

Eis um registo de música contemporânea, de um autor português e com chancela da Fundação Calouste Gulbenkian. Mesmo considerando que a edição dispensa a versão portuguesa das notas, nas quais se inclui uma sugestiva introdução do crítico e historiador Paul Griffiths, este é um acontecimento com um óbvio e fundamental valor simbólico: trata-se de divulgar o trabalho de Pedro Amaral (n. 1972), compositor apaixonado por um jogo de texturas que, como Griffiths sublinha, se organiza a partir do piano, embora aceitando as inesperadas, por vezes fascinantes, contaminações dos instrumentos de cordas e sopro. Assistimos, por isso, a uma espécie de jogo de probabilidades, desde a maior contenção de Organa, para 8 instrumentos, até à teia labiríntica, mas surpreendentemente coesa, de Paraphase, para 17 instrumentos. Se a sugestão pode ajudar a entender a agilidade criativa da música de Pedro Amaral, digamos que estes Works for Ensemble existem como bandas sonoras para alguns filmes imaginados (ou imaginários).