As muito tristes palavras escritas por Ana Gomes contra Sarah Palin já nos permitiram perceber que a cena política portuguesa e, em particular, alguns discursos de esquerda estão contaminados por uma ilusão pueril: a de que a dicotomia "europeia" direita/esquerda se pode (e, num certo sentido, deve) aplicar automaticamente ao que se passa nos EUA e, mais concretamente, às eleições presidenciais de 4 de Novembro.
Por isso mesmo, isto é, pela necessidade de manter o olhar disponível para o que está a acontecer do outro lado do Atlântico, vale a pena sublinhar que o factor Sarah Palin veio (re)configurar a paisagem temática e ideológica das próprias eleições. E por duas razões fundamentais:
1 - depois da não inclusão de Hillary Clinton no ticket democrata, a nomeação de Palin veio relançar o peso específico — ideológico, político e simbólico — das mulheres na corrida para a Casa Branca — vale a pena ler o dossier que, esta semana a Time lhe dedica e, em particular, a brilhante análise de Nancy Gibbs.
2 - com personalidades tão fortes e tão diferentes, a campanha tende a agravar (no melhor sentido) os argumentos de uma parte e de outra, num processo de permanente discussão e reavaliação — exemplo extremo: o confronto dos pontos de vista de McCain e Obama sobre os direitos dos animais no site Vegan Soapbox.
Por isso mesmo, isto é, pela necessidade de manter o olhar disponível para o que está a acontecer do outro lado do Atlântico, vale a pena sublinhar que o factor Sarah Palin veio (re)configurar a paisagem temática e ideológica das próprias eleições. E por duas razões fundamentais:
1 - depois da não inclusão de Hillary Clinton no ticket democrata, a nomeação de Palin veio relançar o peso específico — ideológico, político e simbólico — das mulheres na corrida para a Casa Branca — vale a pena ler o dossier que, esta semana a Time lhe dedica e, em particular, a brilhante análise de Nancy Gibbs.
2 - com personalidades tão fortes e tão diferentes, a campanha tende a agravar (no melhor sentido) os argumentos de uma parte e de outra, num processo de permanente discussão e reavaliação — exemplo extremo: o confronto dos pontos de vista de McCain e Obama sobre os direitos dos animais no site Vegan Soapbox.
Uma nota curiosa, e algo desconcertante, sobre a Time desta semana: como sempre, as quatro edições da revista — EUA, Europa, Ásia e Pacífico do Sul — apresentam mais do que uma capa. Desta vez, a versão europeia tem na capa o artista britânico Damien Hirst, enquanto nas outras três edições surge... Sarah Palin. É um pormenor? Talvez não. Dir-se-ia que funcionou aqui o reflexo do preconceito europeu que vê as questões made in USA como uma mera duplicação dos temas enraizados na Europa; dir-se-ia que prevaleceu a ideia segundo a qual os leitores europeus não se interessariam por uma mulher vinda do Alaska...