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O documento onde se exprime este ponto de vista — a ser publicado no site da ERC — diz ainda: "As crianças e os jovens são diariamente expostos a influências, desprovidas de arrimo na tradição ou sequer valor cultural, que, de muito longe, são mais violentas e prejudiciais do que as touradas - e nem nesses casos, necessariamente, cede a liberdade de programação."
Curioso sistema de avaliação/reflexão. Nada se diz sobre os conteúdos (e as formas) da nossa paisagem televisiva, mas propagam-se os ecos automáticos desse discurso político-profilático especializado em dizer zero sobre coisa nenhuma. As crianças são "diariamente" expostas a "influências" que são "mais violentas e prejudiciais"? São mesmo? Quais? Onde? Porque não se diz? Porque é que há medo de explicitar? Porque não se faz realmente política, em vez de pôr paninhos quentes no statu quo?
Em boa verdade, não há pensamento. E pareceres como este, sobre as touradas, decorrem de uma maneira branda de sacudir a responsabilidade de dizer alguma coisa sobre o que as touradas são, além do mais, enquanto forma de representação da natureza e, muito em particular, das relações do ser humano com a natureza. A questão do "antes" ou "depois" das 22h30 acaba por passar ao lado de uma qualquer atitude reguladora dos valores que dominam a prática televisiva em Portugal.