Esta noite Sarah Palin foi a figura de maior relevo de uma convenção republicana que só agora começa a ganhar visibilidade. Pose segura, voz decidida e claro domínio do teleponto (mas com o azar da câmara mostrar, a dada altura, o dispositivo). Mas em absoluto terreno da mais pura retórica, num discurso dominado pela ideologia, por frases fáceis e feitas à medida das bases do partido, e pelo evidente apelo ao voto da América profunda, das pequenas cidades (onde Bush derrotou Gore em 2000). Não se esqueceu (ela, política “experiente”) de referir a inexperiência de Obama, mantendo firme o que parece ser já uma canção gasta da argumentária republicana, aqui contudo na voz errada. Numa aberta de pragmatismo, contrapôs ao plano democrata de procurar energias alternativas, o desejo de explorar o petróleo em áreas de reserva no Alasca... De uma assentada não só mostrou que não terá qualquer sensibilidade para com a agenda ecológica hoje fundamental a qualquer programa político, como mantém, da “era”Bush, o “gosto” pelo petróleo... Ficou claro que será ela a voz de ataque mais cerrado aos democratas e a certeza de que representa, mais que McCain, o extremo oposto a Obama numa cada vez mais evidente cisão no país, do seu lado morando uma cultura rural, em cada vez mais surdo confronto com a América urbana. Sem comparação possível com a consistência política do discurso de Barack Obama no encerramento da convenção democrática (a comparação até faria sentido pela proximidade geracional de ambos), Palin usou chavões e criticou o excesso de forma e falta de substância do opositor... Terá estado por Marte? Basta comparar ambos os textos, para verificar que, se houve deficit de substância, foi escutado na voz da mãe de cinco e não na do pai de duas. Há quem lhe chame já o pit bull da campanha de McCain... Mas a própria deixou claro que há uma característica que distingue uma “hockey mum” de um pit bull: o batôn... Nem vale a pena comentar...A mais recente sondagem (Gallup):
O mais recente estudo de preferências de voto da Gallup mantém afastadas as intenções de voto entre os candidatos. Obama destaca-se, em claro sinal dos efeitos de um forte discurso na convenção democrata. Mas ainda estão para avaliar os eventuais efeitos da convenção republicana. Terá tido impacte o discurso de Palin? Terá sido "eficaz" junto do eleitorado conservador? Terá cativado indecisos? Respostas nos próximos dias...
Barack Obama: 49%
John McCain: 43%
Um dos dados interessantes das sondagens da Gallup de ontem revela que o volume de votantes indecisos e que mudam frequentemente de candidato (os swingers) baixaram de 30 para 21 por cento na última semana. O debate político está a cativar os americanos. E não só...
PS. Na imagem, uma das delegadas da convenção republicana