Esta é apenas uma das dezenas de imagens da cerimónia de hoje, disponibilizadas pelo site oficial dos Jogos Olímpicos de Pequim. Porventura podemos ler nela um sintoma paradoxal da conjuntura global em que o evento ocorre: por um lado, uma muito mediática politização dos Jogos, inevitavelmente permeáveis a todos os discursos, dos mais esquemáticos ou "panfletários" aos mais sérios e fundamentados (lembremos o abandono da função de consultor artístico, por parte de Steven Spielberg, e as questões levantadas pela interdição de determinadas zonas da Internet); por outro lado, um poder de celebração que, de facto, para além de todas as diferenças ou tensões, nos remete para o espectáculo como factor efectivo de união. Nesse aspecto, importa dizer que a cerimónia de Pequim foi um prodígio: tradição histórica e vanguardismo tecnológico combinaram-se de forma absolutamente contagiante, numa síntese que mobilizou escrita e televisão, teatro e cinema.