domingo, agosto 03, 2008
O poder do design
Os editores de música clássica têm mostrado, nos últimos anos, um particular interesse pela redefinição dos modelos de design a usar nos seus discos. Com o objectivo natural de cativar atenção, uma boa capa pode destacar um disco entre a multidão que mora num escaparate de novidades. É o caso. Com selo da Naïve (que tem nas mãos um mais interessantes exemplos de design aplicado à música clássica na série dedicada a Vivaldi), o disco chama, pela capa (essencialmente uma fotografia de Mark Power), o olhar para um nome secundário no panorama da música do seu tempo. Frantisek Ignac Antonín Tuma (1704-1777) é um dos vultos da cultura musical vienense de meados do século XVIII, todavia longe de ter conhecido a importância histórica de alguns outros seus contemporâneos. Checo de berço, estudou em praga e em 1722 estava já em Viena, onde encetou longa carreira na composição para vários patronos, mais tarde chegando mesmo a trabalhar na corte imperial. Grande parte da sua obra foi centrada na composição de música religiosa (contam-se 65 missas de sua autoria). Partitie, Sonate e Sinfonie, o disco que a Naïve agora edita apresenta, contudo, uma selecção de obras de música instrumental, nomeadamente duas sinfonias, duas partitas e três sonatas. Aqui se reconhece uma personalidade em sintonia com o seu tempo, ocasionalmente revelando traços de transição para além do barroco. Gravação pelo Concerto Italiano, sob direcção do cravista Rinaldo Alessandrini.