A notícia foi caindo discreta (em alguns meios, atrasada), mas o certo é que o património histórico da crítica de cinema perdeu uma das suas referências míticas — no passado dia 18 de Agosto, faleceu Emanuel Farber, para a história Manny Farber, um dos mais singulares críticos que o século XX, afinal o século do cinema, conheceu. Tinha 91 anos.
Tendo estudado e praticado pintura — por vezes homenageando através dos seus quadros os seus cineastas de eleição —, Manny Farber foi criador de uma escrita em que a deambulação formal e artística resistia a todas as hierarquias consagradas. O seu distan-ciamento em relação a cineastas de "peso" (chamou-lhes mesmo "búfalos de água") como Orson Welles ou Alfred Hitchcock era contrabalançado por uma admiração militante por "artesãos" como Anthony Mann, Raoul Walsh ou Budd Boetticher e, de um modo geral, pelo espírito de série B.
Começou por escrever em The New Republic, tendo passado, entre outras publicações, pela Time, Art Forum, Film Culture e Film Comment. De Farber persiste, assim, uma herança plural que celebra, acima de tudo, o cinema como fenómeno específico, exuberante, sempre em aberto. O seu derradeiro texto data de 1977, foi publicado na Film Comment e tinha como objecto o trabalho da cineasta belga Chantal Ackerman. Uma antologia do seu trabalho existe editada, pela Da Capo Press, com o título Negative Space.
>>> Obituário em The New York Times.
>>> Manny Faber por Paul Schrader.