O cinema já tem mais de um século de vida. Quer isto dizer que o património cinematográfico nunca está estabilizado: acumula-se, perde-se... por vezes recupera-se. Aconteceu agora com um título mítico, peça fulcral do cinema alemão de entre as duas guerras: foi encontrado o negativo daquela que se julga ser a versão original de Metropolis (1927), de Fritz Lang, parábola futurista sobre o poder político e as relações entre trabalho e capital, muitas vezes apontado como o primeiro modelo do género de ficção científica.
A novidade vem da Argentina, mais precisamente do Museu do Cinema Pablo Ducrós Hicken. O negativo (formato 16 mm), agora descoberto nos cofres do museu, corresponderá à cópia que, em 1928, teve distribuição comercial na Argentina. Divulgada em Berlim pela Fundação Friedrich Wilhelm Murnau, a notícia abre novos caminhos para a redescoberta de Metropolis e, sobretudo, para a concretização do "sonho" de repor o filme na sua duração original — o negativo encontrado tem uma duração de 210 minutos, cerca de 100 minutos mais que a versão restaurada em 2001 pela Fundação Murnau e editada em DVD pela Kino International.