sábado, julho 26, 2008

Maiakovski para sempre

Cá vou eu,
avestruz exótica,
emplumada de estrofes, metros e rimas.
E o tolo que sou esforça-se por esconder a cabeça,
enfiando-a na sua plumagem sonora.

Eu não te pertenço, monstro de neve.
Minha alma
enfia-te, mais fundo, nas plumas!
Então aparecerá uma outra pátria
que vejo -
uma vida do Sul toda queimada.
[...]
in 'À Rússia'

Grande acontecimento! Um volume de 33 Poesias de Vladimir Maiakovski (1893-1930), com selecção, tradução e prefácio de Adolfo Luxúria Canibal. Com chancela da Quasi Edições, este é um objecto precioso para ler/reler um autor cuja marca futurista não esgota a intensidade de uma escrita encravada entre o esplendor da utopia e a ferida do desencanto gerado pela Revolução — 33 poesias, 104 páginas para descobrir o poeta que formulava a hipótese de "tocar um nocturno / com a flauta das goteiras".