sábado, julho 26, 2008

Quando abrem a porta ao porteiro

Nas duas últimas semanas, tendo tomado como ponto de partida a reedição do álbum The Anvil, de 1982, temos vindo a recordar algumas canções da história dos Visage, projecto que podemos tomar como paradigma do movimento neo-romântico, de vida breve (mas marcante) na Inglaterra pós-punk, essencialmente visível entre 1979 e 1982. Hoje recuamos no tempo a 1981 e a um dos quatro singles extraídos do álbum de estreia desse grupo que era, então, casa de vida paralela para elementos dos Ultravox e Magazine, sob liderança (criativa e visual) de Steve Strange, na altura o responsável pela porta do clube londrino Blitz, o mais “in” do momento. Steve Strange havia decretado uma política draconiana no acesso ao clube. Só entrava quem lhe parecia na onda ou, pelo menos, fosse “cool”. E reza a mitologia rock’n’roll que, numa noite, deixou entrar David Bowie mas barrou o acesso a Mick Jagger...



Visage, o derradeiro extraído do álbum com o mesmo título, em Julho de 1981, sucedeu a Tar, Fade To Grey e Mind Of A Toy e antecedeu, na discografia do grupo, The Damned Don’t Cry. A canção cruza os condimentos que então definiam a família neo-romântica: guitarras atentas ao melodismo, electrónicas quanto baste e heranças directas do disco sound na arquitectura rítmica. O teledisco mostra imagens do clube Blitz, o “berço” londrino do movimento.