Qual é a componente mais típica da "geração Google"?
(E quem pertence à "geração Google"?... Nós todos, por certo, habituados à aceleração de acesso a milhões de informações, todos os instantes esquecendo que a acumulação de dados não constitui, por si só, uma forma de saber, muito menos uma via de conhecimento.)
Para Bryan Appleyard, num artigo publicado em The Sunday Times (20 Julho), a "geração Google" distingue-se pela sua crónica distracção sustentada por esses "grandes distractores" que são entidades como Microsoft, Google, IBM, Intel... Há mesmo já uma sub-geração juvenil (des)educada na permanente falta de concentração, dependente da proliferação histérica de (des)informação e levada a acreditar que há uma espécie de neutralidade indolor na acumulação de telemóveis, mails, phones disto e phones daquilo...
Citando o livro Distracted: The Erosion of Attention and the Coming Dark Age, de Maggie Jackson, Appleyard lembra o que será essa "idade das trevas" que corremos o risco de estar a construir: "À medida que se vão deteriorando os nossos dotes de atenção, mergulhamos numa cultura da desconfiança, da fraude e da desumana fusão entre homem e máquina." Primeira perda trágica deste processo: a da capacidade de concentração na leitura. Segunda perda, eminentemente civilizacional: a do prazer da leitura e, por extensão, do gosto e rigor da escrita (bem visível no "nada de ideias/vale tudo" que domina muitos discursos bloguistas).
O artigo de Bryan Appleyard poderá ser visto como sintoma de um extremo e discutível cepticismo. Seja como for, nada invalida a inquietação que refere — "a era digital está a destruir-nos, arruinando a nossa capacidade de concentração" — nem a ponderada pertinência dos seus argumentos. Vale a pena ler. Chama-se: "Stoooopid .... why the Google generation isn’t as smart as it thinks".
>>> Site oficial de Bryan Appleyard.
>>> Internet e crise de identidade — artigo publicado por The Royal College of Psychiatrists.
>>> A "geração Google" e a ideologia do "copy/paste" — artigo da BBC.