domingo, julho 27, 2008
Luís de Freitas Branco na Naxos
Este disco inicia uma colecção de quatro volumes dedicada à obra de Luís de Freitas Branco (1890-1955), um dos nomes maiores da história da música portuguesa. Como o recorda o maestro Álvaro Cassuto nas notas que acompanham a edição, Freitas Branco foi uma das figuras mais proeminentes da música portuguesa na primeira metade do século XX, responsável, entre outros feitos, pelo regresso da sinfonia ao espaço musical português. Nascido numa família aristocrata, com relações antigas com a família real, teve educação cuidada, que o fez passar por escolas em Berlim e Paris. Em paralelo com a obra criativa, teve importante papel no melhoramento do sistema educativo da música em Portugal e, como musicólogo, investigou o trabalho dos compositores polifónicos portugueses do século XVII, entre os quais o rei D. João IV, um reconhecido promotor da divulgação da “nova” música do seu tempo. Quando iniciou a sua carreira como compositor, Lisboa não tinha não tinha mais que uma única orquestra permanente (a de São Carlos), e esta essencialmente dedicada a repertório operático. A sinfonia não morava também nos hábitos dos compositores locais. Desde os dias de Domingos Bomtempo (1771-1842), apenas Viana da Motta havia apresentado uma sinfonia, a célebre A Pátria, em 1899... Freitas Branco assinou quatro ao longo da sua vida profissional, a primeira estreada em 1924. A obra nasce da consciência da necessidade de devolver a sinfonia aos hábitos musicais portugueses e revela-se se franca acessibilidade, revelando uma opção por um estilo neo-clássico que a aproxima, estilística e formalmente, do belga César Franck. A belíssima Sinfonia Nº 1 de Freitas Branco é a peça central desta edição inaugural da série de discos que a Naxos lhe vai dedicar. Álvaro Cassuto dirige a RTÉ National Symphony Orchestra (da Irlanda) num alinhamento que, alinhamento que inclui o Scherzo Fantastique (de 1907) e a Suite Alentejana Nº 1 (de 1917), esta última reflectindo uma relação pessoal do compositor com a região, numa composição que revela traços colhidos na tradição do folclore local.