
É óptimo que alguém com o peso e a importância de Woody Allen reaja à mediocridade informativa. Ao mesmo tempo, porém, o facto de ele se sentir compelido a manifestar-se publicamente representa mais uma derrota simbólica de quem gosta de cinema (e de estar vivo) perante a violência mediática em que nos obrigam a viver. Por um lado, é grosseiro que, face a um filme que foi visto por mais de 3 mil jornalistas de todo o mundo no Festival de Cannes, ainda haja quem se atreva a explorar de forma gratuita a sua "sexualidade"; por outro lado, Woody Allen não tem que se explicar face às arbitrariedades de jornalistas (?) que não respeitam o trabalho dos outros — mesmo que o sexo durasse 20 minutos.