
Lembrei-me de Jerry Lewis e, em particular, da sua capacidade de desafiar, por vezes de forma selvagem, as funções clássicas do estúdio de cinema (ou as funções do estúdio clássico de cinema). Em 1967, em momento de muitas revoltas, militâncias e discursos panfletários, Jean-Luc Godard escreveu mesmo que Jerry era o único cineasta "revolucionário" de Hollywood. Vale a pena rever esta cena que joga, justamente, com uma certa brancura do estúdio e as suas potencialidades de transfiguração. Não para construir "filiações" forçadas, muito menos para apresentar "cauções" artísticas: apenas porque, num caso como noutro, encenar é surpreender as certezas do nosso olhar — são cerca de 4 minutos e meio da obra-prima de 1961, The Ladies Man/O Homem das Mulheres.