domingo, maio 25, 2008
Um finlandês em Nova Iorque
O mais internacionalmente reconhecido dos compositores finlandeses da actualidade, Einojuhani Rautavaara (n. 1928) foi desafiado pela Julliard School Of Muisc (em Nova Iorque) para compor uma peça para o programa das celebrações do centenário da escola, assinalado em 2005. Antigo aluno da escola entre 1955 e 56, que frequentou sob recomendação de Jean Sibelius, e na qual Aaron Copland foi um dos seus professores, Rautavaara procurou fonte de inspiração naquilo que mais o marcou nesses dois anos de estudos em Nova Iorque: Manhattan. Ou, como descreve nas notas que acompanham o disco, “a sua beleza, a sua crueldade, as suas constantes mudanças de humor”... Assim nasce Manhattan Trilogy, peça dividida em três partes, sob os títulos específicos Daydreams, Nightmares e Dawn, expressões que o compositor define como caracterizadores de sensações centrais aos seus dias de juventude e que, explica, lhe parecem comuns às histórias de vida de muitos outros jovens compositores. Mais que uma obra descritiva, Manhattan Trilogy procura antes explorar a memória de certas sensações. E como em muitas outras obras recentes do compositor finlandês, cruza marcas do modernismo com elementos mais tradicionais. Uma síntese dos contrastes habituais em muitas das suas peças pode encontrar-se na Sinfonia Nº 3 (de 1961), igualmente registada neste disco, composta pouco depois de uma temporada na Suíça, inteiramente dedicada ao estudo das então novas linguagens do modernismo. Editado pela Ondine (em cujo catálogo se pode escutar parte da extensa obra de Rautavaara), Manhattan Trilogy surge em gravação pela Orquestra Filarmónica de Helsínquia, dirigida por Leif Segerstam.