As paredes, as televisões e os ecrãs do metropolitano estão cheios de imagens de Sexo e a Cidade, mas a estreia realmente interessante da semana chama-se Um Homem Perdido. Curio-samente, a questão da sexualidade, ou melhor, da fixação de um fotógrafo (Melvil Poupaud) nos corpos femininos constitui um dos motores da acção. O encontro desse fotógrafo com um libanês (Alexander Siddig) traumatizado pelos combates de 1985 produz uma estranha aliança em que, inesperadamente, ambos jogam os limites das respectivas identidades. A cidade de Beirute, com as suas memórias doridas, emerge como personagem mítica do próprio filme, a ponto de se poder dizer que estamos perante uma crónica histórica em que a crueza dos factos e o peso dos fantasmas possuem a mesma intensidade e desencadeiam a mesma perturbação. Beirute é, aliás, o local de nascimento da argumentista/realizadora Danielle Arbid, há cerca de uma década a trabalhar em França.