Já vão longe os tempos lendários da moderna vaga de super-heróis saídos da banda desenhada para o cinema — parecendo que não, o primeiro Superman, com Christopher Reeve, sob a direcção de Richard Donner, já tem 30 anos... Na prática, o "blockbuster-de-Verão-com-herói-da-BD" tornou-se um género instalado ou, pelo menos, um conceito de "produção & marketing" todos os anos renovado.
Este ano, ainda algumas semanas antes do Verão do calendário, o Verão dos blockbusters arranca com Iron Man/Homem de Ferro, adaptação do universo de uma personagem da Marvel, entidade aliás directamente envolvida na produção. Embora reflexo de um fabrico que já gerou as suas próprias rotinas, este é um filme cujo subtexto político (está em causa a indústria do armamento), ainda que rudimentar, merece ser referido — como diz o realizador Jon Fa-vreau num curioso trabalho da CNN, os novos heróis partilham algumas das nossas "fraquezas" humanas. A destacar a presença de Robert Downey Jr., sem dúvida um dos grandes actores contem-porâneos, que sabe rechear com inteligência e subtileza uma perso-nagem cuja textura psicológica é inevitavelmente rudimentar — que pena que uma das suas melhores interpretações dos últimos anos, em O Detective Cantor (Keith Gordon, 2003), apenas tenha chegado ao mercado português num ultra-discreto lançamento em DVD.