Duas propostas para hoje na programação do IndieMusic. Pelas 21.30 no Maria Matos, vê-se o excelente Patti Smith: Dream Of Life, de Steven Sebring, talvez o melhor dos filmes programados nesta secção do Indie Lisboa. O filme guarda em si a intenção narrativa de nos apresentar Patti Smith, a sua vida, figura e obra. Todavia há aqui uma puslão poética, que se revela depois tão protagonista quanto o conjunto de histórias contadas, entrecruzando-as, obra e artista perdendo fronteiras entre si. Isto sem baralhar o espectador. Sem deixar de assegurar o consequente relato das memórias, sem ofuscar as palavras e imagens que sublinham, depois, as liberdades poéticas que fazem de Patti Smith: Dream Of Life um filme que vai muito além dos códigos televisivos habituais em muitos documentários sobre música. O filme cruza os espaços públicos e privados da cantora. Na base do filme estão 12 anos de imagens que Sebring (também fotógrafo) foi captando ao lado de Patti Smith. Em palco, nos bastidores, na estrada, em família... Juntam-se memórias, afinal o alimento central desta narrativa. A Nova Iorque de 70, de Mappelthorpe, de Ginsberg, de Burroughs, do CBGB... Patti recorda os vivos e os que já não se encontram entre nós. Escuta velhos amigos. Fala com Flea (hilariante episódio quase escatológico). Toca com Philip Glass. Apresenta Michael Stipe à família... E, como se de um refrão se tratasse, surge recorrentemente, vestida de preto, numsa sala branca, cheia de objectos que vai fotografando, a cada qual associando as histórias daqueles que se relacionam com cada um.
Menos interessante, Bananaz, de Cery Levy é, como o nome sugere, um olhar de síntese sobre o projecto Gorillaz, de Damon Albarn e James Hewlett. O filme, que passa às 22.00 horas, no Fórum Lisboa, revela a história do grupo, desde as primeiras reuniões nas quais se concebeu a ideia à digressão hi-tech que fechou a loja. A importância dos Gorillaz num quadro de diálogo entre a pop e o hip hop é fulcral. A sua identidade visual marcou a história pop da década 00. Pena que o filme seja apenas uma banal (se bem que competente) colagem de entrevistas e momentos informais. Mais coisa de DVD que para encarar como “cinema”...