Deixemo-nos de tretas.
Uma ideologia fortíssima — meio televisiva, meio jornalística (e com algumas outras metades pouco recomendaveis) — tem-se esforçado por impor entre nós a "ideia" de que a televisão é como é porque... é assim em todo o lado. Deixemo-nos de tretas: tudo isso é mentira. Basta ver o espaço francês.
Uma ideologia fortíssima — meio televisiva, meio jornalística (e com algumas outras metades pouco recomendaveis) — tem-se esforçado por impor entre nós a "ideia" de que a televisão é como é porque... é assim em todo o lado. Deixemo-nos de tretas: tudo isso é mentira. Basta ver o espaço francês.
Não que eu seja distraído e pretenda negar que a televisão francesa está cheia de monstruosidades, ao mesmo tempo que alguma imprensa acompanha, amplia e vende tais monstruosidades. O certo é que esta é tambem uma Franca em que existe uma revista chamada Telerama. Que é como quem diz: uma publicação inteligente e popular, sem receio de ser uma coisa e outra (não uma coisa contra a outra...). Da abordagem do glamour a análise dos programas, filmes ou livros mais esotéricos, tudo nela tem cabimento, sempre tratado com a preocupação didáctica de quem tem gosto em abrir horizontes.
Um bom exemplo desta estratégia — de sucesso, convém acrescentar — poderá ser o número especial dedicado a Cannes. Tem Ava Gardner na capa e oferece em DVD o primeiro filme de Sean Penn (este ano presidente do júri do festival): chama-se The Indian Runner (1991) e é um insolito western moderno com Viggo Mortensen [foto], Valeria Golino, Patricia Arquette, Charles Bronson e Dennis Hopper.