Chama-se Jerzy Skolimowski e é um dos grandes senhores do cinema europeu, nome chave da "nova vaga" do cinema polaco, no começo da década de 60. O seu novíssimo filme — Quatro Noites com Ana, uma produção de Paulo Branco — abriu a Quinzena dos Realizadores, dezassete anos passados sobre o seu anterior trabalho de realização (Ferdyduke). O minimo que se pode dizer é que se trata de um acontecimento de excepção, mostrando a vitalidade de um criador que sempre se moveu na fronteira tensa entre a crueza da matéria e dos poderes do imaginário.
Quatro Noites com Anna apresenta-nos o Skolimowski retratista do amor — amor louco, entenda-se, no sentido mais intratável que a expressão pode conter. Nesta história quase macabra, mas afinal de uma ternura avassaladora, assistimos as atribulações de um empregado de um hospital que se apaixona por uma enfermeira que vai observando de forma metódica e obsessiva. Skolimowski filma este par (imaginário e, no entanto, de uma insólita carnalidade) como se estivessemos a assistir a um apocalipse cósmico, tudo num universo natural, mas não naturalista, rasgado pelas mais puras pulsões animistas. Quatro Noites com Anna possui a precisão de um retrato e a liberdade de um poema. Ou o contrário.
Quatro Noites com Anna apresenta-nos o Skolimowski retratista do amor — amor louco, entenda-se, no sentido mais intratável que a expressão pode conter. Nesta história quase macabra, mas afinal de uma ternura avassaladora, assistimos as atribulações de um empregado de um hospital que se apaixona por uma enfermeira que vai observando de forma metódica e obsessiva. Skolimowski filma este par (imaginário e, no entanto, de uma insólita carnalidade) como se estivessemos a assistir a um apocalipse cósmico, tudo num universo natural, mas não naturalista, rasgado pelas mais puras pulsões animistas. Quatro Noites com Anna possui a precisão de um retrato e a liberdade de um poema. Ou o contrário.