

Em paralelo, e por contraste, Valse avec Bachir lida também com as imagens que faltam — as ressonâncias traumáticas da invasão do Líbano, em 1982, pelas tropas israelitas — e, sobretudo, com a necessidade de enfrentar as memórias mal esclarecidas dos massacres de palestinianos. No fundo, o realizador Ari Folman está a fazer uma documentário sobre a sua própria experiência, uma vez que, com apenas 19 anos, ele integrava as tropas israelitas. Só que se trata de um documentário... em desenhos animados! Assim mesmo, literalmente: desenvolver um labor de investigação e representá-lo em registo de animação [ver imagem em cima].
É coisa nunca vista, directa, perturbante, capaz de nos (re)interrogar sobre a verdade das imagens e, sobretudo, o seu efeito de verdade. Fica a pergunta (urgente): alguém vai exibir este filme nas salas portuguesas?