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AGF. Aliás,
Antye Greie-Fuchs, nome das electrónicas britânico-germânicas (já trabalhou, por exemplo, com Craig Armstrong, no álbum
As If to Nothing, ou integrada no colectivo
The Dolls). A pluralidade da sua
produção é também a prova directa do seu genuíno sentido experimental.
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Agora, podemos escutar
Words Are Missing, trabalho a solo de AGF cuja textura "electrónica" é manifestamente escassa para dar conta do seu imenso fascínio. Através de 16 faixas "não-cantadas" (como diz o título,
as palavras estão em falta) somos encaminhados para um labirinto de rituais em que, por assim dizer, se pressentem novos alfabetos. Aliás, a embalagem do CD é, ela mesmo, um livrinho cuja delicada e misteriosa iconografia sugere uma escrita em suspenso, anterior à balbúrdia das palavras organizadas.
Exercício de luminosa solidão, Words Are Missing possui algo de cerimónia religiosa, fechada e pudica, eventualmente partilhável por outras solidões. À sua maneira, é um panfleto da solidão do próprio desejo artístico, hoje em dia tantas vezes amansado pela mercantilização generalizada dos gostos — um objecto sublime, próximo de um silêncio em que, paradoxalmente, tudo se ouve.