Com o anúncio dos filmes a concurso adiado alguns dias (para 23 de Abril), o Festival de Cannes — 14/25 de Maio — já apresenta, pelo menos, uma certeza: a ante-estreia mundial, na Croisette, de Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull, de Steven Spielberg. Será, pelo menos, uma maneira de o certame superar o trauma da sua própria instrumentalização, em 2006, por O Código Da Vinci: em boa verdade, o filme de Spielberg, produzido por George Lucas, não necessita da "plataforma" francesa para o seu lançamento internacional, o que não impede que a sua passagem acabe por ser mutuamente vantajosa, consolidando uma imagem global, tanto do filme como do próprio festival. É um curioso exemplo da arte diplomática de Cannes, mantendo as suas qualidades de montra de "todas" as diferenças do cinema contemporâneo, sem nunca alienar as boas relações com o gigante Hollywood.