É um facto que as novas câmaras digitais abriram novos espaços de expressão e, inseparavelmente, novas alternativas de produção. O certo é que, a par dessa evolução, se assiste a uma dramática involução: o digital utilizado como mero fetiche técnico, menosprezando a arte da mise en scène e, em boa verdade, a simples possibilidade de construção de um ponto de vista. O filme espanhol [REC], herdeiro tardio do magnífico O Projecto Blair Witch, é um caso sintomático de tal degradação expressiva — a nota que se segue foi publicada no Diário de Notícias (12 Abril).
O título provém do sinal luminoso das câmaras de video, centrando-se a acção no trabalho de uma equipa de televisão que, ao acom-panhar a actividade noturna de um grupo de bombeiros, fica fechada num prédio ameaçado por um vírus desconhecido. O ponto de parti-da é sugestivo, mas o filme pouco mais tem para dar. Estamos perante variações retóricas sobre o dispositivo de O Projecto Blair Witch (1999), jogando com as potencialidades “intimistas” dos novos recursos do video. A certa altura, o filme parece convencer-se que basta agitar a câmara e mostrar uns “riscos” a passar no ecrã para se criar algo de interessante. De facto, este é um cinema que perdeu a noção dramática de espaço e não sabe o que fazer com o tempo.
O título provém do sinal luminoso das câmaras de video, centrando-se a acção no trabalho de uma equipa de televisão que, ao acom-panhar a actividade noturna de um grupo de bombeiros, fica fechada num prédio ameaçado por um vírus desconhecido. O ponto de parti-da é sugestivo, mas o filme pouco mais tem para dar. Estamos perante variações retóricas sobre o dispositivo de O Projecto Blair Witch (1999), jogando com as potencialidades “intimistas” dos novos recursos do video. A certa altura, o filme parece convencer-se que basta agitar a câmara e mostrar uns “riscos” a passar no ecrã para se criar algo de interessante. De facto, este é um cinema que perdeu a noção dramática de espaço e não sabe o que fazer com o tempo.