Na história e na mitologia de Hollywood, será sempre o Moisés [foto] de Os Dez Mandamentos, o épico bíblico de 1956, produzido e realizado por Cecil B. DeMille — Charlton Heston faleceu na sua casa, em Beverly Hills, aos 84 anos de idade. Oscarizado pela sua composição noutra personagem lendária, Ben-Hur (1959), Heston é um nome indissociável da idade de ouro de Hollywood, tendo trabalhado sob a direcção de mestres como King Vidor (A Fúria do Desejo/Ruby Gentry, 1952), Orson Welles (A Sede do Mal/Touch of Evil, 1958) ou Nicholas Ray (55 Dias em Pequim, 1963). Na viragem industrial e temática de Hollywood durante a década de 60, participou em alguns dos westerns críticos da época, nomeadamente Major Dundee (1965), de Sam Peckinpah, e Will Penny (1968), de Tom Gries; dessa altura, o seu título mais popular, hoje uma referência de culto, é O Homem que Veio do Futuro/Planet of the Apes (1968), de Franklin J. Schaffner.
Com uma trajectória pessoal sempre marcada pela política — desde a participação na Marcha pelos Direitos Civis, em 1963, ao lado de Martin Luther King, até à polémica função de presidente da National Rifle Association, em finais da década de 90 —, Charlton Heston foi uma daquelas figuras que, através dos filmes, ascendeu à condição de ícone da cultura popular. Lembrando isso mesmo, o seu agente Michael Levine teve estas palavras reveladoras: "Se Hollywood tivesse um Monte Rushmore, incluiria o rosto de Heston. Ele foi uma figura heróica que, hoje em dia, não creio que possa existir da mesma maneira em Hollywood."