O encenador Joe Gideon vira-se para o espelho e, antecipando os prazeres do espectáculo, proclama: "It's show time, folks!". É no filme de Bob Fosse, All That Jazz (1979), e Gideon funciona como uma clara projecção do próprio Fosse, com os seus delírios criativos, a sua intransigência e também os seus problemas de saúde (tal como a sua personagem, Fosse viria a falecer de um ataque car-díaco, oito anos mais tarde). Quem interpretava Gideon era Roy Scheider — o actor faleceu (10 Fev.) em Little Rock, Arkansas, con-tava 75 anos de idade (completaria 76 a 10 de Novembro).
No imaginário popular do cinema, Scheider ficará sobretudo associado a duas personagens emble-máticas: o detective Buddy Russo, em The French Connection/Os Incorruptíveis contra a Droga (1971), de William Friedkin, e o chefe da polícia Martin Brody [foto], em Jaws/Tubarão (1975), de Steven Spielberg — foi com o primeiro destes filmes e All That Jazz que obteve as suas duas nomeações para o Oscar de melhor actor.
Como outros talentos da mesma geração (p. ex.: Gene Hackman, com quem contracenou em The French Connection), Scheider é um actor típico da renovação dos anos 60/70, tendo oscilado na fase inicial da sua carreira entre produção cinematográfica e televisiva. Os seus primeiros filmes importantes são Puzzle of a Downfall Child/Tempo de Viver (1970), de Jerry Schatzberg, e Klute (1971), de Alan J. Pakula. Outros momentos altos da sua carreira: Still of the Night/Na Calada da Noite (1982), de Robert Benton, Mishima (1985), de Paul Schrader (como narrador), Naked Lunch (1991), de David Cronenberg, e The Rainmaker/O Poder da Justiça (1997), de Francis Ford Coppola.