Um dos mais importantes compositores da segunda metade do século XX, revolucionário em todas as frentes, com obra que percorre uma vasta demanda das potencialidades da criação de sons, igualmente importante tendo sido a sua exploração de diferentes formas de notação musical. Foi ele quem disse, em tempos, que “o que é moderno hoje será tradição amanhã”. Stockhausen viveu sob a consciência desta ideia, não só enquanto criador, como igualmente enquanto homem de música no mundo presente. De resto, foi o primeiro compositor a criar a sua própria editora, a Stockhausen Verlag, na qual concentrou o lançamento discográfico, em CD, dos registos da sua obra desde 1990, tornando-os permanentemente disponíveis aos interessados. Raramente presentes nos escaparates das lojas, os discos da editora de Stockhausen encontram-se, todos, à venda no seu site oficial, onde há inclusivamente excretos de peças suas disponíveis para escuta em mp3. No mercado nacional foi, entretanto, lançado no último mês uma nova gravação de Stimmung, uma obra de 1968 através da qual Stockhausen revolucionou as noções de composição vocal.
Stockahusen foi aluno de Olivier Messaien e Darius Mihaud. E professor de, entre outros, Emmanuel Nunes, Jorge Peixinho, La Monte Young, Cornelius Cardew ou Holger Czukay. Membros dos Can e dos Kraftwerk chegaram a trabalhar consigo. Era admirado e citado dentro e fora dos circuitos da música “erudita”. E nomes como Miles Davis, Herbie Hancock, Frank Zappa, Björk, Pink Floyd ou Aphex Twin reconhecem a sua influência. E Philip K. Dick cita-o em Follow My Tears, The Policeman Said. Os Beatles mostraram-no na capa de Sgt. Peppers...
Além do seu ciclo de sete meta-óperas Licht (iniciado em 1977, concluído em 2001), é particularmente importante o trabalho que desenvolveu na área da música electrónica depois de 1952 (o seu primeiro “estudo” electrónico nasceu, então, no estúdio de Pierre Schaeffer, o “pai” da música concreta), destacando-se aí obras como Gesang der Jünglinge (1958), Hymnen (1966-67) ou Kontakte (1958-59), este último servindo de banda sonora para a curta-metragem experimental que se segue, uma entre as várias reencarnações da obra do compositor que podemos, hoje, encontrar no YouTube.