Estreado em 1968, Stimmung tornou-se rapidamente uma das obras de referência de Karlheinz Stockhausen (n. 1928) e abriu todo um novo mundo de desafios e ideias à música vocal. Stimmung não é mais que uma sucessão de sequências de sons, cantados a seis vozes, recorrendo os cantores a técnicas diversas, explorando assim o que o compositor procurou definir como um mundo interior de sons e palavras. "Stimmung" pode ser traduzido como afinação. Contudo, mais que no sentido musical do termo, a peça implica também um sentido de “afinação” enquanto processo de demanda e subsequente encontro com a alma interior de cada um, assim como sugere uma noção de “afinação” enquanto empatia no colectivo, aqui muito concretamente entre as vozes que se juntam para cantar (e, de certa maneira, entre os que se calam para escutar). A evolução da interpretação obra, centrada em tons de si bemol (daí ser por vezes enumerada quando se cita o também clássico In C de Terry Riley, se bem que sejam obras distintas nas formas, técnicas e intenções), segue um modelo não rígido, uma vez que apenas parte das notações são fixas, havendo uma série de elementos pré-determinados sobre os quais a escolha dos cantores pode seleccionar por onde seguir. Todavia, cada ensemble tende a seguir um “modelo”, sendo naturalmente de referência a chamada “versão de Paris”, que fez a estreia da obra e foi muito apresentada nos anos 70 pelo Collegium Vocale. Este disco exibe uma soberba gravação pelo Theatre of Voices, dirigido por Paul Hillier (grupo que tem ganho visibilidade com diversas gravações de obras de Arvo Pärt). Criada e gravada em 2006, em Copenhaga, esta fica já registada como a “versão de Copenhaga” de Stimmung, de Stockhausen.
Depois de uma temporada na Califórnia, Hawai e México, no Inverno de 1968 Karlheinz Stockhausen vivia em Long Island. Frente ao mar, com neve e frio como cenário do outro lado do vidro da sua janela. Curiosamente um dos trabalhos que então aceitou vinha da sua Alemanha natal, em concreto um pedido para um novo ensemble vocal, o Collegium Vocale, constituído por alunos da escola de música onde ele próprio havia estudado, em Colónia. O compositor aceitou a encomenda porque estava interessando em trabalhar a voz. Começou por cantar ideias, ensaiando-as. Mas descobriu o verdadeiro método que o levou definitivamente a Stimmung quando, depois de chamado à atenção pelo facto de ser tarde e os filhos estarem a dormir, passou antes a murmurar e zumbir os mesmos sons. A descoberta do mundo de potencialidades foi tal, que sustentou a criação desta obra que mudou a nossa noção de música vocal.
Depois de uma temporada na Califórnia, Hawai e México, no Inverno de 1968 Karlheinz Stockhausen vivia em Long Island. Frente ao mar, com neve e frio como cenário do outro lado do vidro da sua janela. Curiosamente um dos trabalhos que então aceitou vinha da sua Alemanha natal, em concreto um pedido para um novo ensemble vocal, o Collegium Vocale, constituído por alunos da escola de música onde ele próprio havia estudado, em Colónia. O compositor aceitou a encomenda porque estava interessando em trabalhar a voz. Começou por cantar ideias, ensaiando-as. Mas descobriu o verdadeiro método que o levou definitivamente a Stimmung quando, depois de chamado à atenção pelo facto de ser tarde e os filhos estarem a dormir, passou antes a murmurar e zumbir os mesmos sons. A descoberta do mundo de potencialidades foi tal, que sustentou a criação desta obra que mudou a nossa noção de música vocal.