Corrupção é um filme sem destino, sem objectivo, sem identidade. Não sabemos se o filme de João Botelho seria "melhor" ou "pior". O certo é que, com o afastamento do realizador e o lançamento desta versão de produtor (Alexandre Valente), o que resta é um amontoado desconexo e esburacado de cenas que apelam a qualquer coisa de inevitavelmente falso. Ou seja: pede-se ao espectador que construa na sua cabeça uma história "portuguesa" a partir de alusões que não chegam a sê-lo... No genérico de abertura, não há identificação de realizador ou argumentista; no final, diz-se mesmo que o filme alterou a "realidade" e até o próprio livro de Carolina Salgado. Quer isto dizer que a verdade material de Corrupção só se pode medir pelo facto de, através do seu nome, se venderem bilhetes de cinema.