Ano Bowie – 57
‘Strangers When We Meet’ – Single, 1995
Depois de dez anos de travessia do deserto (com pontuais oásis pelo meio, é verdade), Bowie reencontrou caminho seguro e desafiante ao trabalhar a banda sonora para The Buddha of Suburbia. Foi ao escutar esse disco que Brian Eno sentiu haver pontos de interesse comum que assim permitiram o trabalho conjunto em 1.Outside, a obra-prima de Bowie dos anos 90. Esse álbum seguia além das pistas de Buddha of Suburbia, mas a esse disco ia buscar uma canção que, de certa maneira, serve de ponte entre ambas as etapas. Strangers When We Meet, baseada num riff de uma canção do Spencer Davies Group (Gimmie Some Loving) e claramente evocativa dos Roxy Music (etapa Manifesto), quase parecia ajustar contas com palavras ditas por Angie, a ex-mulher de Bowie, em entrevistas depois do divórcio. Era um dos momentos menos viçosos de Buddha Of Suburbia mas, regravada nas sessões de 1.Outside gerou uma das mais belas canções de Bowie nos anos 90. Colocada no fim do alinhamento do álbum, é como uma trégua melodista, um pequeno paraíso pós-apocalíptico que, liberto do arranjo essencialmente electrónico da versão original, ganhou massa corporal mais “convencional”, sem contudo descaracterizar a essência da canção. Para o single, foi também regravado o lado B, o clássico The Man Who Sold The World, entretanto redescoberto por uma multidão de jovens admiradores, depois de a encontrarem, em versão cantada por Kurt Cobain, no unplugged dos Nirvana. A canção surge em leitura pensada em consonância com a personalidade textural de 1.Oustide, distante portanto da alma rock do original de 1970. Apesar da excelência da oferta em single, foi uma edição com discreta presença no mercado, não tendo ultrapassado o número 39 no Reino Unido.
Strangers When We Meet
Lado A: Strangers When We Meet (edit)
Lado B: The Man Who Sold The World (nova versão)
No CD Single a estes dois temas juntam-se ainda a versão do álbum de Strangers When We Meet e o inédito Get Real
O teledisco, de Sam Bayer (que assinara, pouco tempo antes, o de Hearts Filthy Lesson) aposta numa construção texturalmente densa, um pouco como o som álbum. Apresenta Bowie e uma bailarina num teatro semi-destruído. Interessante, mas longe do seu melhor.