É, por certo, uma das mais desconcertantes estreias de todo este ano de 2007 (com mais de um ano de atraso, já que foi uma das grandes revelações da secção "Un Certain Regard" de Cannes 2006). Ou seja: uma parada de coisas bizarras, situações surreais e personagens monstruosas através das quais entramos no coração da história moderna da Hungria e nas suas paisagens mais fantasmáticas — chama-se Taxidermia, tem realização de György Pálfi, e o mínimo que se pode dizer é que o espectador, por certo, nunca viu nada assim...
Por mim, acrescentarei que me parece um objecto admirável, digno dessa noção primitiva, mas enérgica, segundo a qual o cinema não serve para "reproduzir" o mundo, mas sim para o expor para além das visões automáticas e conservadoras do quotidiano: Taxidermia é uma espécie de psicodrama catártico sobre o comunismo húngaro, desmontando, em particular, a sua política de "purificação" forçada dos corpos e das emoções.
Escusado será dizer que se trata de um filme para separar sensibilidades, gostos e ideias. Isto é, um objecto que não pode gerar unanimidades. Tanto melhor, digo eu, quanto mais não seja porque a barulhenta monotonia das hiper-campanhas dos blockbusters já chega para nos entorpecer (mesmo quando os blockbusters possam ser brilhantes). Ao espectador interessado, recomenda-se que procure Taxidermia mesmo na sala mais escondida, já que, por certo, não o vai ver anunciado em grandes cartazes de rua.
Escusado será dizer que se trata de um filme para separar sensibilidades, gostos e ideias. Isto é, um objecto que não pode gerar unanimidades. Tanto melhor, digo eu, quanto mais não seja porque a barulhenta monotonia das hiper-campanhas dos blockbusters já chega para nos entorpecer (mesmo quando os blockbusters possam ser brilhantes). Ao espectador interessado, recomenda-se que procure Taxidermia mesmo na sala mais escondida, já que, por certo, não o vai ver anunciado em grandes cartazes de rua.