sábado, maio 12, 2007

Katharine Hepburn: o primeiro século

"Representar é o mais insignificante dos dons e uma maneira não muito sofisticada de ganhar a vida. Afinal de contas, Shirley Temple já o fazia aos quatro anos de idade" — assim se exprimiu, uma vez, uma das grandes damas da arte de representar do cinema: Katharine Hepburn, nascida a 12 de Maio de 1907, faz hoje um século.
No campo dos actores e actrizes, continua a ser a recordista dos Oscars, com quatro estatuetas douradas (a última das quais em 1982, por A Casa do Lago). Mas a persistência da sua herança está muito para além das consagrações mais ou menos oficiais: Hepburn encarnou — aliás, continua a encarnar — um conceito especi-ficamente cinematográfico de representação, isto é, uma relação riquíssima, plural e multifaceta com esse objecto de olhar implacável que é a câmara de filmar. E isso é válido no interior de uma maravilhosa versatilidade, desde a figura sexualmente ambivalente de Sylvia Scarlett (1935), de George Cukor, até à mãe possessiva de Bruscamente no Verão Passado (1959), de Joseph L. Mankiewicz.
Quando morreu, a 29 de Junho de 2003, muitos fãs dirigiram-se ao local da sua estrela, no Passeio da Fama, em Hollywood, deixando flores e homenagens escritas. Numa delas podia ler-se: "Uma grande senhora, uma verdadeira estrela, vamos sentir a tua falta." E noutra: "Já não as fabricam assim."