sábado, maio 12, 2007

Elogio do absurdo

Em termos cómicos, o que faz funcionar o absurdo não é a ridicularização das suas componentes. Bem pelo contrário: é preciso tomá-lo à letra, como coisa natural. Assim acontece nesta história de dois patinadores desavindos, expulsos do mundo da patinagem, que decidem fazer um come back de excepção. Ou seja: em formato de par... masculino!
Na sua singeleza, A Glória dos Campeões, de Josh Gordon e Will Speck, acaba por ser a prova real de como é possível contornar as estafadas retóricas da "comédia-para-adolescentes", optando por um registo em que o burlesco se alia com uma inesperada dimensão simbólica. Assim, Will Ferrell e Jon Heder interpretam as personagens principais a partir de um inesperado paradoxo: da sua "inverosimilhança" nasce também uma teia de afectos que transforma o filme num retrato bizarro do sucesso e dos seus bastidores.