Noite de 12 de Maio de 2007, pouco depois das onze horas: quase a acabar o Concurso da Eurovisão da Canção, uma das vozes da RTP anunciava que os espectadores poderiam, a seguir, acompanhar em directo a Procissão das Velas, em Fátima... Não haveria maneira mais simples, e também mais patética, de dizer como funciona a televisão que, predominantemente, se faz: uma mera acumulação de "acontecimentos", cada um deles desqualificando o que a ele se cola, tudo redundando num imenso fluxo de coisas anónimas, equivalentes no interior da indiferença com que são tratadas.
Triste, é o termo. O concurso transformou-se numa vergonhosa (ou, mais concretamente, desavergonhada) colagem de imagens e sons que promovem uma Europa inane. A Eurovisão impõe, assim, uma aculturação europeia em que, das músicas ao guarda-roupa, das poses aos valores do espectáculo, tudo se reduz a uma obscena homogeneidade — como se, para sermos europeus e felizes, tivéssemos que consumir obrigatoriamente o lixo degradado do mais medíocre pop (?), ainda por cima engalanado por uma alegria postiça e provinciana onde apenas é possível proclamar e dizer banalidades pueris.
Triste, é o termo. O concurso transformou-se numa vergonhosa (ou, mais concretamente, desavergonhada) colagem de imagens e sons que promovem uma Europa inane. A Eurovisão impõe, assim, uma aculturação europeia em que, das músicas ao guarda-roupa, das poses aos valores do espectáculo, tudo se reduz a uma obscena homogeneidade — como se, para sermos europeus e felizes, tivéssemos que consumir obrigatoriamente o lixo degradado do mais medíocre pop (?), ainda por cima engalanado por uma alegria postiça e provinciana onde apenas é possível proclamar e dizer banalidades pueris.
E não deixa de ser espantoso que, da classe política aos líderes da economia, ainda haja quem se mostre chocado com a fraqueza da ideia de "Europa" junto de muitos cidadãos. Com as televisões de todo o continente a celebrarem deste modo a nossa "unidade", queriam ideias fortes?