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Triste, é o termo. O concurso transformou-se numa vergonhosa (ou, mais concretamente, desavergonhada) colagem de imagens e sons que promovem uma Europa inane. A Eurovisão impõe, assim, uma aculturação europeia em que, das músicas ao guarda-roupa, das poses aos valores do espectáculo, tudo se reduz a uma obscena homogeneidade — como se, para sermos europeus e felizes, tivéssemos que consumir obrigatoriamente o lixo degradado do mais medíocre pop (?), ainda por cima engalanado por uma alegria postiça e provinciana onde apenas é possível proclamar e dizer banalidades pueris.
E não deixa de ser espantoso que, da classe política aos líderes da economia, ainda haja quem se mostre chocado com a fraqueza da ideia de "Europa" junto de muitos cidadãos. Com as televisões de todo o continente a celebrarem deste modo a nossa "unidade", queriam ideias fortes?