Uma primeira audição desta magnífica obra de pouco mais de 50 minutos, dividida em cinco andamentos, confirma em pleno as mais entusiasmadas palavras que a crítica registou no momento da sua estreia em palco. Assim como reafirma a descrição de David Harrington, violinista do Kronos Quartet, que, nessa ocasião, descreveu a obra como uma das mais líricas, intensas e pungentes alguma vez escritas para quarteto de cordas. Uma música que serve de consolo à medida que encara as faces mais sombrias e profundas da existência. Profundamente pessoal, mas absolutamente capaz de partilhar um sentimento de melancolia que inevitavelmente associamos à expressão maior da perda: a morte.
Tal como na sua elegíaca Sinfonia Nº 3 (originalmente composta em 1976), Górecki faz deste seu terceiro quarteto de cordas uma reflexão íntima e delicada sobre a morte. ... Songs are Sung, o subtítulo que dá nome à obra não é mais que o verso final de um pequeno poema do escritor russo, do século XIX, Velimir Khlebnikov, naturalmente em tradução para inglês:
When horses die, they breathe
When grasses die, they wither
When suns die, they go out
When people die, songs are sung
Contemplativo, ocasionalmente aceitando frestas de intensidade turbulenta que logo cedem espaço a nova plácida planície de sombria sensibilidade para notas longas e delicadas, ...Songs are Sung distingue-se da Sinfonia Nº 3 pelo recurso a uma escrita mais complexa (distante portanto das sugestões quase minimalistas dessa obra de absoluta referência da música da segunda metade do século XX) e, também, pela ausência de uma voz que concretize nas palavras o tom fúnebre de um discurso sobre dor e perda. Todavia, e tal como nessa mesma sinfonia, este quarteto de cordas consegue impedir que um sentimento mórbido nos assombre, como que nos alertando para um possível optimismo que o homem por vezes encontra no mais negro e desesperado dos cenários que eventualmente o envolvam e assim evite a desistência por resignação. Estas sugestões de optimismo não são necessariamente encontradas na intensidade do terceiro andamento (allegro), morando antes o optimismo “góreckiano” nas entrelinhas de notas contemplativas, a luz rompendo inevitavelmente as sombras, nova vida no fim sucedendo-se a cada morte.
Tal como na sua elegíaca Sinfonia Nº 3 (originalmente composta em 1976), Górecki faz deste seu terceiro quarteto de cordas uma reflexão íntima e delicada sobre a morte. ... Songs are Sung, o subtítulo que dá nome à obra não é mais que o verso final de um pequeno poema do escritor russo, do século XIX, Velimir Khlebnikov, naturalmente em tradução para inglês:
When horses die, they breathe
When grasses die, they wither
When suns die, they go out
When people die, songs are sung
Contemplativo, ocasionalmente aceitando frestas de intensidade turbulenta que logo cedem espaço a nova plácida planície de sombria sensibilidade para notas longas e delicadas, ...Songs are Sung distingue-se da Sinfonia Nº 3 pelo recurso a uma escrita mais complexa (distante portanto das sugestões quase minimalistas dessa obra de absoluta referência da música da segunda metade do século XX) e, também, pela ausência de uma voz que concretize nas palavras o tom fúnebre de um discurso sobre dor e perda. Todavia, e tal como nessa mesma sinfonia, este quarteto de cordas consegue impedir que um sentimento mórbido nos assombre, como que nos alertando para um possível optimismo que o homem por vezes encontra no mais negro e desesperado dos cenários que eventualmente o envolvam e assim evite a desistência por resignação. Estas sugestões de optimismo não são necessariamente encontradas na intensidade do terceiro andamento (allegro), morando antes o optimismo “góreckiano” nas entrelinhas de notas contemplativas, a luz rompendo inevitavelmente as sombras, nova vida no fim sucedendo-se a cada morte.