Qiang (Dong Bowen) tem quatro anos e não gosta da escola... Por desencanto ou cepticismo, diremos que ele reflecte uma questão corrente, típica destes nossos tempos de tantas crises pedagógicas e institucionais. Mas não, não se trata de alimentar boas consciências, acabando por desculpabilizar tudo e todos. Isto porque Qiang não é um ser abstracto: a sua revolta contra os hábitos de higiene e disciplina que lhe querem impor depara, não apenas com a natural resistência das professoras, mas sobretudo com um elaboradíssimo sistema de normalização e integração dos indivíduos nos ideais "colectivos" — afinal de contas, Qiang é aluno de um jardim-escola da China, nos primeiros tempos do poder maoísta, por volta de 1949.
O filme sobre Qiang, realizado por Zhang Yuan, chama-se Pequenas Flores Vermelhas e é mais um belíssimo exemplo da vitalidade do cinema da China (recorde-se que, há uma semana, tivemos a estreia de A Maldição da Flor Dourada, de Zhang Yimou). Deparamos, aqui, com uma vontade de realismo que se mostra atento à pluralidade do factor humano, ao mesmo tempo que sabe detectar na organização social as marcas de uma idealização que, em última instância, é de natureza política e afecta todo o funcionamento simbólico da colectividade. Por isso mesmo, a história de Qiang, sendo particularíssma, possui um genuíno apelo universal.
O filme sobre Qiang, realizado por Zhang Yuan, chama-se Pequenas Flores Vermelhas e é mais um belíssimo exemplo da vitalidade do cinema da China (recorde-se que, há uma semana, tivemos a estreia de A Maldição da Flor Dourada, de Zhang Yimou). Deparamos, aqui, com uma vontade de realismo que se mostra atento à pluralidade do factor humano, ao mesmo tempo que sabe detectar na organização social as marcas de uma idealização que, em última instância, é de natureza política e afecta todo o funcionamento simbólico da colectividade. Por isso mesmo, a história de Qiang, sendo particularíssma, possui um genuíno apelo universal.