
Primeira longa-metragem de Florian Henckel von Donnersmarck, As Vidas dos Outros impõem-se como um caso exemplar de um realismo metódico, obsessivo mesmo, em que, por assim dizer, nada do quotidiano é indeferente à dramaturgia — a vida (dos outros e de cada um) decidem-se em cada fracção de segundo, implicando, por vezes, a nossa morte interior.
Este é também um caso exemplar de oportunidade cinematográfica, com o mercado português a mostrar a capacidade de corresponder à actualidade e à sua dinâmica. A esse propósito, vale a pena lembrar que As Vidas dos Outros foi distinguido como melhor filme europeu de 2006, pela Academia Europeia de Cinema. Nos EUA, a Academia de Hollywood também o incluiu entre os seus eleitos, nomeando-o para o Oscar de melhor filme estrangeiro.