NG Se o velho palácio do festival – o Zoo Palast, na rua ao lado da estação de comboios que os U2 cantaram na faixa de abertura de Achtung Baby e que, curiosamente, acolhe ainda uma estação de metro (U-Bahn) da linha… U2! – respira história e tradição, o centro arquitectónico que desde há algum tempo alberga a Berlinale é pura ficção científica em formato de arquitectura. Berlim, na verdade, é hoje uma exposição viva de algumas das mais espantosas visões arquitectónicas das últimas décadas. Mas o conjunto de quarteirões nas imediações da Potsdam Platz (onde se concentra a maioria das actividades ligadas ao festival) é digno de visita. Linhas simples, ângulos rectos para tijolo e vidro. Com estrutura arqui-tectonicamente protagonista no Sony Center (que acolhe, entre outros espaços, um dos multiplexes ao serviço da Berlinale e o Museu do Cinema), onde os sonhos à la Blade Runner se fazem realidade, luzes azuis no chão, metal e vidro sobre nós. Mas mais luz que no mundo opressivo de Philip K. Dick a que Ridley Scott deu corpo.
Um passeio pela cidade, depois de uma noite a menos uns tantos graus centígrados ter feito o dia mais branco. Descoberto um templo de con-sumo cultural em Friedrichstrasse: a Dussmann. Quatro andares de livros, DVDs e discos. Na zona "indie", Shins já por aqui se ouvem (e com destaque). Peter Björn & John e Beirut em evidência. E, atenção, notícia de lançamento europeu do álbum de Peter Von Poehl em Março, via Edel (estará o escritório português a contemplar já a coisa?). No andar "clássico", farta oferta da Stockhausen Verlag (a editora do próprio Karlheinz Stockausen, cujo catálogo, em Portugal, nem vê-lo...) Oferta nacional? A de sempre, ou seja, Mariza, Madredeus, Cristina Branco, Mafalda Arnauth, Mísia, Amália. Esta última, à entrada, em chamada especial junto de Piaf.
Tarde de museus, com paragem obrigatória no Pergamon Museum para, sobretudo, ver a Porta de Ishtar (Babilónia)… Puro assombro… Mas, também, consciência clara de uma etapa de pilhagem ocidental que, com alguns processos de eventuais devoluções em curso (envolvendo alguns grandes museus mundiais), nos deixa pensar por quanto tempo a memória dos outros estará, ainda, com ar de pompa em solo europeu…
PS. Amanhã falamos de cinema… Hoje foi só acreditações, bilhetes, catálogos… Dose valente pela frente…
Tarde de museus, com paragem obrigatória no Pergamon Museum para, sobretudo, ver a Porta de Ishtar (Babilónia)… Puro assombro… Mas, também, consciência clara de uma etapa de pilhagem ocidental que, com alguns processos de eventuais devoluções em curso (envolvendo alguns grandes museus mundiais), nos deixa pensar por quanto tempo a memória dos outros estará, ainda, com ar de pompa em solo europeu…
PS. Amanhã falamos de cinema… Hoje foi só acreditações, bilhetes, catálogos… Dose valente pela frente…