O velho é ele: Peter O'Toole, numa prodigiosa composição que (à oitava vez!) talvez lhe traga o Oscar de melhor actor. Ela é a jovem sobrinha de um amigo, alguém que lhe vem baralhar as rotinas, relançando-o, inesperadamente, numa convulsão em que se misturam a paixão da vida e a nitidez próxima da morte — também uma notável interpretação de Jodie Whittaker (25 anos, estreante em cinema). Em todo o caso, ainda mais velho é o quadro com que eles se confrontam: A Vénus do Espelho, pintado por Diego Velázquez entre 1644 e 1648, exposto na National Gallery, em Londres — dir-se-ia que a nudez da mulher da pintura possui a ambígua energia de um motivo revelador, puro e radical.
Tudo isto está num belo filme inglês — de adequado título Vénus, com direcção de Roger Michell —, uma comédia amarga sobre os prós e contras da velhice (e da juventude), num registo que nos remete para a nobre tradição realista britânica e, em particular, para os primeiros filmes assinados por Stephen Frears. E como nestas coisas as coincidências raras vezes são anódinas, convém lembrar que o argumentista de alguns desses filmes, nomeadamente A Minha Bela Lavandaria (1985) é o mesmo de Vénus: o escritor e dramaturgo Hanif Kureishi.
Tudo isto está num belo filme inglês — de adequado título Vénus, com direcção de Roger Michell —, uma comédia amarga sobre os prós e contras da velhice (e da juventude), num registo que nos remete para a nobre tradição realista britânica e, em particular, para os primeiros filmes assinados por Stephen Frears. E como nestas coisas as coincidências raras vezes são anódinas, convém lembrar que o argumentista de alguns desses filmes, nomeadamente A Minha Bela Lavandaria (1985) é o mesmo de Vénus: o escritor e dramaturgo Hanif Kureishi.