Produzido por Dean Devlin (ligado, por exemplo a Dia da Independência), Flyboys/Nascidos para Voar não será um grande acontecimento no actual panorama da distribuição/exibição. O filme aborda um curioso episódio histórico — protagonizado pelos jovens pilotos americanos que combateram ao lado dos franceses, na Grande Guerra 1914-18, integrados na lendária Esquadrilha Lafayette —, mas cedo se reduz a um dispositivo académico que, mesmo com confortáveis meios de produção, não o impede de se confundir com o convencionalismo histórico-dramático de muitos telefilmes e mini-séries.
Em todo o caso, vale a pena referir o nome que surge a assinar Flyboys: Tony Bill. Com uma carreira muito ligada à televisão, quer como actor, quer como realizador, Tony Bill (n. 1940) foi, nos anos 80, uma figura emblemática da produção independente, tendo assinado pelo menos um título fortíssimo (creio que nunca lançado em DVD no mercado português) — chamava-se Five Corners/Caminhos Cruzados (1987) e tinha, além do mais, um elenco invulgar, dominado por Jodie Foster, John Turturro e Tim Robbins. Centrado no reencontro de uma jovem com o homem que a violou, Five Corners começava por ser um magnífico exercício de escrita para cinema: o argumentista, John Patrick Shanley, assinou no mesmo ano o script de Moonstruck/Feitiço da Lua, com o qual acabaria por obter o Oscar de melhor argumento original.