NG A aldeia global existe? As muitas cinematografias que passam este ano pela Berlinale traduzem uma série de novas rotas e destinos estéticos, temáticos, narrativos. Mas não basta falar-se "aldeia-globalês" para, necessariamente, comunicar. Um dos filmes exibidos na extensa (e nutritiva) secção Panorama revelou como uma história essencialmente centrada em formas e mecânicas da cultura teen dos nossos dias não é, por si só, construção a descodificar por tudo e todos. Oriundo da Coreia do Sul, Dasepo Soyneo (traduzido para inglês como Dasepo Naughty Girls), de E J-Yong, é uma comédia juvenil, ligeira, mais garrida que um catálogo da Robbialac. Telemóveis, Internet, SMS, chats online, Messenger... Todas estas são ferramentas ao serviço de uma história que conta momentos na vida de rapazes e raparigas de uma turma onde a sensatez não parece morar. A história tem meandros e curvas, complexa portanto. Mas dificultada ao olhar ocidental pela presença de códigos de referenciais locais (sobretudo colhidos na televisão e cinema coreanos) que impedem a sua correcta percepção. Ou seja, o filme que se anuncia como celebração de uma cultura global jovem mostra, afinal, que as pequenas personalidades locais ainda são marca de identidade. E, ao mesmo tempo, eventual barreira comunicacional.
PS. La Vie En Rose, de Olivier Dahan, que abriu o festival, está longe de ser a tragédia que a crítica tem veiculado. Uns valentes furos acima da "facilidade" do biopic sobre Ray Charles (não era difícil) e narrativamente construído com mais agilidade na gestão dos tempos que Walk The Line. Longe também de genial, claro. Mas eficaz.
PS. La Vie En Rose, de Olivier Dahan, que abriu o festival, está longe de ser a tragédia que a crítica tem veiculado. Uns valentes furos acima da "facilidade" do biopic sobre Ray Charles (não era difícil) e narrativamente construído com mais agilidade na gestão dos tempos que Walk The Line. Longe também de genial, claro. Mas eficaz.